Visitas Novo Paraíso I - Janeiro

No dia 20 de janeiro de 2012 conversei com o Seu A. B., morador do Novo Paraíso I, era a primeira vez que ele estava indo ao Programa de Saúde da Família (PSF) do Novo Paraíso I, consultar com o Dr. Peres, dando início ao seu tratamento. Vai fazer 60 anos no dia 30 de abril, nasceu em Redentora – RS. Viveu até os 18 anos nesta cidade e depois se mudou para Santa Catarina e depois se tornou cuidador de um sítio na Chapada dos Guimarães, sempre trabalhou em fazenda e lavoura. Já foi “amigado”, mas não têm filhos.
Veio morar recentemente no bairro Novo Paraíso I, desde o dia 15 de dezembro de 2011, ou seja, para ser considerado morador do bairro tem que estar no mínimo vinte dias morando no mesmo. Mora sozinho em uma kitnet de uma peça com banheiro fora, paga duzentos reais de aluguel, livre de água e luz, sua rua possui asfalto e é rede de fossa.
O Seu A. é vítima da hanseníase, uma doença muito comum na cidade de Cuiabá, com muitos indícios no Programa de Saúde da Família (PSF) do Novo Paraíso I, descobriu a doença tardiamente, detectada há dez anos, como resquício da doença tem os quatro dedos do pé esquerdo amputados, sendo assim, todos os dias irá comparecer ao PSF para fazer curativos no pé esquerdo. Também quando criança teve Febre de Tifóide que o deixou cego do olho direito, o que fez também cair o seu cabelo.
Só conseguiu aposentar há cerca de uns cinco meses, e quem encaminhou a aposentadoria foi uma Assistente Social da Casa do Idoso, pois ele foi morador de lá no mês de março.
Locomove-se com dificuldade com uma muleta, pois também tem problemas na coluna, não possui nenhum animal de estimação, faz a própria comida, e no momento vive sozinho.
No dia 27 de janeiro de 2012 fizemos as visitas domiciliares na presença do Dr. Peres, dois estudantes da Medicina do quinto ano e das Agentes de Saúde Comunitárias, através da Busca Ativa, ou seja, o médico vai até o paciente.
Como sempre são visitas marcadas por muitas surpresas. Inclusive um usuário que nós tínhamos visitado no dia 13 de janeiro, veio a falecer um dia depois de nossa visita, e hoje ao visitar a sua esposa fui pega de surpresa, pois não esperava receber esta notícia, e senti muito por ela e por ele, que foram batalhadores na luta contra o câncer. A Estratégia da Saúde da Família nada mais é que este ciclo, nascer, viver e morrer.
Todas as vezes que realizamos as visitas com pessoas que ainda não tinham presenciado esta realidade é sempre a mesma impressão que fica: o choque de realidade. Encontramos ali pessoas em condições de miséria, vivendo abaixo da linha da pobreza, e isso mexe demais com os estudantes, pois queremos de contribuir de alguma forma em prol dos moradores.
Todas as visitas são experiências riquíssimas, aprendo mais a cada dia com a história de cada usuário, cada sorriso nos seus rostos e com a preocupação, o zelo e o compromisso de poucos profissionais da área da saúde, que por sinal, a Unidade do Novo Paraíso I esta muito bem amparada.
Essas e outras histórias de vida dos morados do bairro nos encantam e nos fazem refletir realmente na vida de uma forma que nunca pensamos em presenciar. Pessoas atenciosas que merecem o nosso total respeito e consideração.